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Saúde mental também é preparo de atletas olímpicas

Atualizado: 20 de jan.

Rebeca Andrade, Simone Biles, Rayssa Leal e algumas outras atletas são exemplos de que os preparos para a competição vão além do corpo físico. As medalhistas dos Jogos Olímpicos 2024 têm sido evidenciadas não só pelo maravilhoso desempenho, mas também por darem destaque aos cuidados com a saúde mental na vida como atletas e no âmbito pessoal.

O assunto sobre saúde mental dos atletas já havia sido posto à luz pela ginasta Simone Biles em 2021 nas Olimpíadas de Tóquio quando a mesma deixou de disputar as provas para cuidar de sua saúde mental. Biles conta em seu documentário "O Retorno de Simone Biles" disponível na plataforma Netflix, que teve que pausar os treinos pelos impactos das suas questões emocionais no seu desempenho e questões difíceis que ela compartilha que passou em sua vida pessoal.

A rotina intensa, expectativa pelas vitórias, resultados não alcançados, cobranças internas e externas, afastamento da atuação esportiva, da vida social, esses são exemplos de algumas questões possíveis de estarem presentes na vida dos atletas e que podem contribuir para elevados níveis de estresse, medo, tristeza e ansiedade intensificadas, comportamentos de dependência, desregulações alimentares e etc. A Psicologia é um campo do saber bastante amplo e aqui é interessante pontuar que existe a diferenciação da Psicologia Clínica e do Esporte. Quando falamos de esporte devemos dar ênfase e valorizar o profissional da área de Psicologia Esportiva que é fundamental para a performance dos atletas e qualidade de suas vidas. Por mais que existam informações, é evidente que saúde mental ainda possui muitos estigmas e não receba atenção, pois é recorrente que o preparo se volte apenas para as habilidades técnicas a serem realizadas. Com isso, muitas vezes esse profissional atuante nos clubes é menosprezado e deixado de fora das equipes. No entanto, são essenciais para o desenvolvimento de estratégias, apoio e manejo dos fatores que impactam o ambiente esportivo, não só individualmente, mas com outros profissionais que compõem o time técnico. Um trabalho não só no momento da competição, mas se estende em toda a influência dos fatores do contexto esportivo no dia a dia dos esportistas, de acolhimento e do trabalho interdisciplinar com o saber de toda equipe.

 

Mas interessante também na fala das atletas é que demonstram e dão visibilidade para o valor que dão ao trabalho que suas psicólogas realizam em acompanhá-las no ambiente psicoterapêutico para falar sobre suas questões pessoais, experiências, se permitirem sentir e se conectar com elas mesmas. Rebeca, ginasta brasileira, conta que gosta de compartilhar com sua própria psicóloga sobre suas emoções e trabalhar nesse espaço a maneira de entender e ouvir o que sente. Agradeceu também em outra entrevista pelo apoio e trabalho realizado pela psicóloga por ensinos e conversas sobre focar, planejar e fazer o seu possível. No trabalho terapêutico isso envolve técnicas, exercícios e elaborações de prática para conhecer seus próprios pensamentos, sentimentos e comportamentos importantes para essa autoconsciência. Rayssa, skatista brasileira, demonstra o reconhecimento da sua fase de vida, que apesar de muitas responsabilidades ainda é de uma jovem de 16 anos, que precisa lidar com as mudanças, dificuldades e intimidades da sua vida além do profissional. O meio que estão inseridas por si só contemplam diversas questões e discussões a serem realizadas, mas não somos fragmentos, existe toda uma construção em nós, pessoal, social e de história de vida que se interliga e influencia em como somos, pensamos, agimos e lidamos com situações que estão constantemente acontecendo e fora do nosso controle.

Como Biles falou uma vez "Por anos eu fui celebrada pelas minhas vitórias. Agora sou celebrada por ser humana, ser vulnerável". Essa atenção ao que se sente é um lembrete também que sim, são atletas E muito mais. Um aprendizado em um meio que se valoriza o que é possível ter e conquistar, também devemos dar espaço para o que somos, olhar para dentro e o que carregamos conosco das nossas raízes, histórias, sentimentos, pensamentos. Permitir se expressar e legitimar o que sentimos, se comunicar com o nosso mundo interno transforma a gente e o nosso redor. Isso não é fraqueza, é um meio de potencialização. Consciência, responsabilidade, autoestima, construção de diálogo consigo, criticidade, aspectos que fazem parte do que é trabalhado em psicoterapia e de impacto nos variados contextos de nossas vidas. Muito legal ver esse trabalho e cuidado interno das meninas, estão desenvolvendo muito mais que suas grandes vitórias profissionais. Medalha de ouro para o cuidado integrativo de corpo e mente!


 


Confira trechos das entrevistas das atletas:


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